Além de toda depressão e problemas que eu preciso lidar à força, tive a oportunidade de sempre conviver com a falta de empatia alheia. Passei o dia preocupado com minha Mafalda internada, sem cognição para fazer qualquer outra coisa, querendo notícias dela, mas não as obtendo de nenhum ser empático o suficiente para dizer, estamos de olho ou vai ficar tudo bem. Tudo me parece mais denso, como o tempo abafado faz a carne sentir. Tudo me parece mais opaco, como a péssima visão que piora ao longo dos anos. Tudo me parece infeliz, como sempre me pareceu. Já disse tantas e tantas vezes que eu estou cansado, mas nenhum cansaço externa o que estou sentindo. Mas quem se importa? É como ser um enfeite de uma festa antiga que todos têm preguiça de retirar, que vai se descolorindo, desmanchando e perecendo aos poucos. Nem escrever anda me animando, a boa sensação de melhora que estava sentindo caiu bruscamente. Nenhuma organização ou planejamento soam necessários nesse instante. Só quero parar e ficar olhando, como a admirar o enfeite que se desgasta ao longo do tempo, meu próprio autorretrato. Até.

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