Outro dia assustador. Escrevi mais de duas mil e trezentas palavras, mas por pouco não escrevo. Passei por problemas de saúde, meus e dos outros. Corri atrás de socorro e acabei me socorrendo sozinho. Pensei no futuro, chorei o passado, lamentei as perdas e implorei por ganhos. Desejei não mais sofrer e ouvi as gargalhadas do tempo. Li antes de sofrer, escrevi depois de já ter sofrido. Tentei espairecer, tentei viajar, tentei mudar meu pensamento. Tentei ser o que não sou e escrevi sobre isso também. Disse a mim mesmo muitas coisas, ouvi muitas coisas que disseram a mim, ouvi tudo isso e permaneci estático, sem ação necessária para que algo fosse mudado. Senti a solidão que ronda me abraçar com ambas as mãos, senti frio por dentro e senti medo. Senti que não podia fazer nada e me obriguei a aceitar o fim das coisas. Menti que consegui fazer tudo isso e continuei calado para que não me apanhassem nas inverdades. Terminei minha escrita e explorei meus pensamentos vazios. “Vazios” era outra mentira, mas mentiras são partes indissociáveis do meu ser, pois sou ficcionista. Escrevi tudo isso e vou dormir sabendo que tudo foi verdade, mesmo parecendo a maior mentira contada. Outra hora eu conto mais sobre meus contos e em quê eles são baseados. Até.
Diário de escrita