Sim, fui acordado outra vez antes das oito às marretadas, não diretamente sobre meu crânio, mas sobre meus ouvidos. Outra vez reclamei e aguardo ser acordado uma terceira vez também. Não acredito que irão respeitar o meu sossego assegurado pela lei, nunca respeitam, só quando é para com eles. Garanto que nunca ninguém desse prédio me ouviu tocando guitarra todos os dias (também faço isso periodicamente), nem minha mãe que está no cômodo ao lado me ouve tocando. Respeito que chama isso.
Bom, escrevi 2.618 palavras de um fluxo cheio de insinuações literárias e continuo planejando e me motivando diariamente a prosseguir nessa luta criativa. Atravesso um longo vale árido de desilusões, mas tento me manter de pé e caminhando. Comecei a ler Caio Fernando Abreu, nunca tinha lido, mas li um pequeno conto chamado “Réquiem por um fugitivo” e, cara, que conto foda. Terrivelmente lindo e doentio. Amei. Minha ideia é continuar desvendando autores que nunca li e aprender o máximo sobre todos eles através de uma leitura atenta e técnica.
Mas é isso, quase três da madrugada, daqui a pouco me acordarão com o delicioso som de obras no inferno (mal posso esperar) e o sono já está me agredindo. Deixo o meu lastro de ideias escorrer sobre as páginas que um dia contarão quem fui. Boa-noite e até outros caracteres.