Uau! Quem diria?! Nem eu mesmo consigo acreditar. Duzentos dias consecutivos escrevendo. Em pensar que essa proposta nasceu de um desafio comigo mesmo. Algo que eu cheguei a levar para o nosso grupo de escrita, os Ficcionados, mas que por lá não vingou. Não me abati, contudo, e continuei escrevendo, sempre me desafiando. Hoje, estou aqui, olhando para todos esses dias no passado, vendo os inúmeros arquivos de textos produzidos, centenas de versos, meia centena de minicontos, mais de uma dúzia de contos, mais de vinte e cinco capítulos do meu romance, mais de cem fluxos, e muitos, muitos, muitos outros escritos.
Nesse interim, perdi meu amado amigo felino, o Smeagle, quase perdi também o Astro, e mais uma série de outras tristezas, e mesmo assim, permaneci escrevendo. Algo que agora está enraizado dentro de mim, que não consigo conceber não mais fazer. Eu acordo com essa vontade de produzir textos, de continuá-los, de finalizá-los. Acredito que deva existir muitos outros escritores, famosos ou anônimos como eu, que produzem diariamente, mas essa conquista é muito pessoal e gratificante para mim.
Comecei meu ducentésimo dia de escrita me desafiando ainda mais. Queria escrever ao menos cinco mil palavras (a média diária proposta é de mil ao dia). Não seria algo tão difícil assim, sei que em alguns dias específicos eu passei essa marca, mas hoje eu precisava comemorar dessa forma, escrevendo, mas escrevendo ainda mais. Então, vamos aos números.
Pela manhã, abri meu fluxo e fui narrando meu dia e escolhendo o que eu iria escrever. Depois de muito ponderar, fui ao óbvio e mais importante, meu romance. Então, terminei o capítulo vinte e nove, usei 1255 palavras para finalizá-lo. Anotei algumas considerações no meu fluxo e prossegui. Decidi que tinha que terminar algum conto. Escolhi um da pasta, mas escolhi um dos já finalizados e, que eu sabia, algum dia eu escreveria uma continuação. Comecei a escrever esse novo conto, mas algo dentro de mim, insatisfeito, disse: “isso precisa ser mais bem escrito, mais detalhado, não cabe num só conto, ou numa série de contos, você precisa escrever uma novela dessa história, no mínimo.” Aí, eu acatei a minha voz interior e escrevi um pequeno resumo/roteiro do que a história se tornaria. Foram mais 1189 palavras.
Fiz as devidas anotações no fluxo e dei continuidade mais uma vez. Já era bem tarde, o período mais conturbado aqui de casa, hora de dar os remédios para os bichos, alimentá-los e etc. Era a hora perfeita para textos curtos. Eu tinha um título para um miniconto na cabeça e comecei a escrevê-lo, só não imaginava que conseguiria em tão poucas palavras, foram apenas 61 delas, em menos de cinco minutos. Qual outro tipo de texto curto faltava no meu dia? Um verso, lógico. Escrevi mais uma ode às palavras, um texto com 106 palavras.
Perfeito, mas ainda não estava nem perto das cinco mil palavras que eu desejava para aquele dia. Voltei ao fluxo e passei a resgatar os antigos textos do meu primeiro blog, verificando se estavam bons o suficiente para futuras publicações, e em que categoria se encaixavam. Para deixá-los organizados, adicionei seus títulos e uma breve sinopse de cada um a uma lista. Foram mais 672 palavras.
Muito bem, já passava da meia-noite e a mente entorpecida nublava meu raciocínio. Era preciso findar o meu dia, mesmo que o meu desejo por escrever sempre mais saltitasse no meu consciente. Escrevi minha últimas considerações e terminei meu fluxo diário. Foram mais 2113 palavras.
E assim foi a comemoração de duzentos dias consecutivos de escrita, nada mal para quem está começando a levar a arte textual como carreira. Aprendi muitas coisas nesse tempo todo, e tenho certeza que preciso aprender muito mais (melhor é sempre continuar aprendendo, independendo do quanto se saiba). Já planejo o número de palavras para a comemoração do dia 300, sou desses. Eu sei, eu sei, temos mais cem dias pela frente. Espero que um dia esse diário ajude alguém a também querer produzir mais palavras. Sei de uma pessoa já está contagiada por esse percurso, eu mesmo. Vida longa às palavras e tudo que elas podem vir ainda a criar. Até breve. Nos veremos em muitas outras linhas digitadas.