As notícias não ficam boas nunca, já dizia o meu próprio ditado. Smeagle está num quadro muito delicado. Impressionante como toda minha vontade se esvai com as forças dele. Não sei mais o que poderão tentar para que se recupere. Só quero que ele fique bem, se recuperando, ou descansando. O que for melhor para ele e não para mim. Dói demais me sentir assim, mas imagino que o desconforto e a dor dele sejam piores. São dezoito anos de amizade, não quero me despedir, só queria ele aqui, no colo, enquanto escrevo. Quanta dor mais precisamos sentir para “acostumar” com isso?

(Enquanto escrevia esse diário triste, recebi a ligação da veterinária responsável, ela disse que ele vai precisar de uma transfusão. Os detalhes são complexos, mas pelo que entendi, pode existir uma mínima chance. Torcer para o aleatório ficar a favor dessa vez.)

A regra é simples, de qualquer forma, essa dor eu tenho que levar sozinho. Assim como sempre levei, sem ninguém para compartilhar o volume. Um problema que é sempre meu, que recai sobre quem mais sente e mais se importa. Minha luta contra esse vazio de me sentir isolado não é exclusivo, eu sei, imagino que seja comum. A maior parte da minha ansiedade parte dessa constatação: estar sozinho para sentir algo tão latente e doído. Sim, me acovardo diante de mais dor, confesso.

A última fagulha de notícia mexeu comigo. Um quentinho de esperança. A chance de combater essa infecção maldita que acomete o Smeagle. A chance de tê-lo de volta ao colo. É o que eu mais posso querer nesse instante.

Pensava em nem apresentar a produção do dia, mas agora que estou menos desesperado, o farei. Escrevi um verso de 307 palavras (talvez o poste aqui). Depois escrevi outro fluxo de consciência que é o que consigo escrever quando estou assim, desiludido. O assunto desse fluxo, além do Smeagle, foi falar sobre como a escrita me faz suportar mais o peso da vida. Escrever para mim é algo terapêutico. Foram 1224 palavras nesse texto. Bom, espero ter grandes notícias amanhã, espero ter, no mínimo, poucas e boas notícias, já seria o suficiente.

Meu amigo, estarei aqui pensando em você a cada olhadela de canto, daquelas onde eu via você passando e pedindo atenção. Como sinto sua falta, amigo. Só volte a escrever comigo. Dedico minhas palavras e o meu amor a sua recuperação. Melhoras!

Você também pode gostar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *