Terminei o dia, escrevi pouco mais de mil e quinhentas palavras, li um conto do Caio — que começou a me parecer mais do mesmo — e fiquei de molho. Não quis esforçar o meu joelho, precisava me recuperar. Nada de estante, nada de trabalho pesado, apenas um domingo como os domingos devem ser. Amanhã …
Passei o dia trabalhando na estante, finalmente ela foi erguida a muito custo e suor, e também às custas de um joelho bichado, latejando de tanto esforço. Mas está lá, pronta para ser acabada com verniz e chumbada à parede para que não nos mate macetados em caso de queda. Levei mais de um mês …
Foi outro dia exaustivo, muitos compromissos externos e pouca produção dentro de casa. Limpei a área que vou construir a estante e pretendo montar tudo no dia seguinte. Escrevi mil e cem palavras, li um pedacinho do Pessoa e desejei ter mais tempo, sempre desejo ter mais tempo, mesmo sabendo que nunca o terei depois …
Mais de duas mil palavras hoje. Finalmente. E também consegui ler um conto inteiro do Caio. Finalmente também. Passei a maior parte do dia fora de casa resolvendo tretas, mas resolvi. A estante precisou esperar outro dia. Mais um. Estou sedento para terminar a dita cuja, para libertar os meus amados livros. Não sei se …
Um dia para guardar no tempo, uma memória. Fui ao cardiologista. Escrevi mil cento e onze palavras, li algo que não me lembro, dei aulas e vi que não sabia mais quem eu fui. Assim foi a noite o dia e a tarde. Assim fui e voltei. De onde? Sequer sei. Passo do ponto que …
E finalmente acabei de montar as prateleiras. Tudo pronto para montar a estante. Infelizmente, não estarei em casa tempo o suficiente amanhã, terei que aguentar e segurar a ansiedade por mais um dia. E a escrita? Ela também tem que esperar. Hoje foram cerca de mil e trezentas palavras, uma boa entrada para o livro …
Escrevi pouco mais de mil palavras, só para cumprir a tabela mesmo. Li duas entradas do Pessoa, meia página, só isso. Foi aniversário da minha mãe e passei a maior parte do tempo com ela e com as tábuas que terminei de lixar, agora só falta montar as prateleiras e esperar o dia apropriado para …
Sete prateleiras de dez, quase lá. Ah, é, tenho que falar de escrita, não do meu trabalho com a marcenaria. Mas é uma estante para livros, livro é literatura, literatura se escreve, logo, estou falando de escrita. Além do dia produtivo e exaustivo com o trabalho de organizar a biblioteca, também escrevi, ora vejam, quem …
Escrevi mil e trezentas palavras, nada mais do que isso. Nem consegui ler, mas consegui trabalhar com a estante, mesmo estando em estado de transtorno. Passei por maus bocados e achei que entraria em pane. Foi um dia difícil, foi triste, mas relativamente produtivo. Descobri que o ponto de regulação do TDAH é o ambiente …
Escrevi cerca de mil e cem palavras. Li à força, mas li. Lutei comigo mesmo e perdi. Fiz o que foi possível dentro desse conflito sequencial, infinito e interno. Se fosse dado a outras vertentes, como a normalidade, agiria de outras formas. Mas como eu sou apenas eu, lido desse modo estragado de sempre até …