Sim, novecentos dias escrevendo ininterruptamente. Sem alardes, sem muitas comemorações, só as notícias péssimas do dia, como a própria vida e o curto tempo são para mim cotidianamente. Novecentos dias que eu comemorei comigo mesmo, nesse silêncio de abandono destampado. Nesse site que um dia será muito lido, nesses livros que escrevo e que ninguém conhece mas um dia irão conhecer. Hoje escrevi três mil e quatrocentas palavras, mais umas setecentas palavras de retorno aos textos criativos. Umas quatro mil e poucas ao todo. Li até agora sete páginas, mas continuarei lendo. Quero dedicar este marco importante, mais um antes dos mil dias, a mim mesmo, pelo meu esforço e dedicação, sem falsa modéstia, por continuar adiante, mesmo duvidando que seria possível. E quero dedicar essa marca à Mafalda. Filha, se não for seu último dia, se voltar para casa, será sempre amada. Se partir, continuarei a vida por você, como continuei por todos que partiram antes e os que ficaram. Eu prometo. Por mais que eu duvide de mim mesmo, sempre existirá algo dentro de mim que continuará acreditando que é tangível. Darei mais ouvidos ao que estou a me dizer secretamente, nas entrelinhas, todos os dias. Você chegou até aqui e pode ir muito mais longe. Só faça o que faz de melhor, escrever e ler em meio a toda gama de problemas. Não conseguiriam metade do que conseguiu. Mafalda, pai te ama, agora e sempre. Vida, foda-se tudo. Tempo, caguei para você. Que venham os mil dias, escreverei até lá e além. Até a próxima e a próxima e a próxima palavra…
Diário de escrita