Calor, menos de mil palavras escritas, seis páginas lidas, a visita de um urubu, a ausência da Mafalda, as centenas de problemas, a chuva torrencial em forma de tempestade passageira, a experiência angustiante de se ver perdido num quarto escuro chamado vida, o tempo, o veloz tempo que nos engole, as horas, o conta-gotas tiquetaqueando a presença do fim, o término de outro dia. Pensei assim comigo: por que é que ainda tento? Mas, para responder, teria que tentar encontrar respostas, mas só tenho habilidade para fazer perguntas, e nem são das melhores, mas me ocupam o tempo que perderia sofrendo e existindo neste sofrimento. Então escrevo, escrevo e escrevo. Sem direção, sem vontade, sem curadoria, sem respostas, sem graça. Atrás de mim, uma sombra que se alonga comprida e esguia até os anos de origem dessa pequena alegoria infeliz chamada: eu. Até.
Diário de escrita