Então eu me vi à beira de um precipício sem volta e pulei. Essa foi a sensação de assumir a responsabilidade e o contrato mental comigo mesmo de escrever todos os dias da vida e nunca mais parar. O pior nem é ter que fazer isso todos os dias, é ruim também, tem dia que eu só queria ficar deitado ou só gastar o meu tempo vendo séries e lendo, o mais terrível é ter que me deparar com impossibilidade de poder escrever. Tantas coisas passaram pela minha cabeça em todos esses dias, quase dois anos escrevendo sem parar, por N vezes me vi em uma “sinuca de bico”, tendo a absoluta certeza que eu não poderia escrever, mas, mesmo assim, por um milagre da minha própria vontade eu consegui produzir um mínimo texto.
Números redondos ajudam a prosseguir no objetivo. Lembro quando eu comemorei os dez primeiros dias e como eu fiquei super entusiasmado com os cinquenta primeiros, como me achei o cara ao completar cem dias, depois como comemorei de cem em cem até chegar a 365 dias, completando assim um ano inteiro. Mal vi passar os quatrocentos dias, achei foda chegar aos quinhentos, vibrei com seiscentos e até os 666 dias eu achei legal (pena que foi um dia merda e mal pude escrever, sei disso porque é recente e ainda me lembro). Aí chegou o dia 700 e veio essa sensação invertida, eu explico.
Hoje, quando já tinha escrito mais de duas mil palavras, eu percebi que havia completado o dia 700 e poderia comemorar mais uma etapa tranquilo. Então me bateu a ideia de que agora a contagem é regressiva. Estou muito mais perto de completar mil dias e, amanhã, ao escrever, estarei a 299 dias de completar um milhar de dias escrevendo ininterruptamente. Sei que vou ficar muito satisfeito comigo ao transformar o número progressivo em milhar, mas também sei que não vou parar e vou ansiar o próximo número redondo. Os dias somados vão dando corpo a esse trabalho tão laborioso e compenetrado que eu amo fazer. O medo permanece, nunca sei quando algo irá me impedir de escrever, é uma circunstância que me apavora e atormenta, mas hei de continuar.
Para encerrar esta entrada eu preciso dizer que escrevi 5.500 palavras, sendo a metade delas do conto que eu estava escrevendo. Terminei mais um, outro texto para comemorar junto com o dia redondo. Acabei conseguindo fazer de tudo um pouco e usei o máximo do meu tempo para produzir ideias para os próximos contos que estão por vir. Perfeccionista que sou, eu queria escrever ao menos sete mil palavras, mas cinco mil e tantas já é ótimo. Amanhã terei um dia corrido, talvez nem atinja a meta, não importa, desde que eu continue consciente de que estou fazendo o melhor que eu posso e consigo. É isso, logo eu volto para comemorar oitocentos, novecentos e mil dias. Vou chamar esses primeiros mil dias de primeira etapa do meu processo criativo, que considero um treino leve para o que eu almejo fazer. Que siga assim, sem nunca faltar assunto, ideias e palavras para narrar meus pensamentos. Até a próxima frase.