Tenho aprendido muita coisa sobre mim mesmo. Por exemplo: traço metas que jamais consigo alcançar. Mentira, ano passado eu alcancei, mas era uma meta plausível, não uma suicida como a deste ano. A segunda semana do ano está terminando e eu ainda estou escrevendo o conto da primeira semana. Terrível.
Por outro lado, hoje escrevi 1467 palavras do conto e por pouco não o termino. Por pouco eu quero dizer: por milhares de tarefas extras. Quem sabe um dia só terei duas preocupações diárias, ler e escrever. Enquanto esse dia não chega, vou aos trancos e barrancos tentando ser o que eu não sou.
Também escrevi um fluxo de 1613 palavras e li Duna, menos de trinta por cento para acabar. E é isso. Estou aqui, cercado de pilhas de livros que aguardam minha lentidão para serem lidos. Quando reclamam de minha demora, conto como minha mente grita desesperada, impaciente, esperando que eu consiga escrever tudo que eu gostaria. Trágicos dias inquietantes. Viver de palavras é mais denso do que eu esperava. Soterro-me. Até.